Um time para se olhar com carinho

Foto: Flávio Roberto/Assessoria CNMD

Foto: Flávio Roberto/Assessoria CNMD

Se foram seis rodadas e só o Figueirense está na frente do Marcílio Dias. Essa é a campanha até aqui do time júnior do clube. Depois da turma fazer tour por cidades como Piçarras, Barra Velha, São João do Itaperiú e a zona rural de Itajaí, finalmente os moleques puderam jogar no Gigantão das Avenidas. Fui ver. E muita gente da diretoria do Marinheiro deveria ter feito isso também. É um time para se olhar com cuidado.

É um time de jogadores altos e que sabe chegar com velocidade. Gostei principalmente do goleiro Darnley, do lateral-esquerdo Clayton, do meia Romário e do atacante Jeferson. Tudo bem que o adversário não era tão forte, mas a primeira impressão foi boa.

Me espantou a falta de apoio da torcida para um primeiro jogo em casa. Não tinha 100 torcedores, quase todos pais e amigos dos atletas, e ainda sim, com maioria para a turma de Jaraguá do Sul. Na falta de calendário para o time profissional, que só volta no Catarinão do ano que vem, não tem porque não acompanhar os moleques em casa. Ainda mais que os jogos são, na maioria das vezes, nas tardes de sábado.

Muitos dos garotos não são da região, mas já estão um tempo no Marcílio. É a chance do clube olhar com cuidado, ver quem pode dar um futuro bom e começar a pensar num trabalho de base a longo prazo. E claro, manter contrato com os jovens. Para não vermos mais atletas como Bruno Lopes (Criciúma, recém convocado para a Seleção sub-19), Welber (ex-Vasco) e Leonan (Galo) brilhando em time grande, indo sem ficar nada para o clube.

Um Marcílio a 100 km/h

Schwenck foi um dos nomes do jogo. Foto: Elton Damásio

Schwenck foi um dos nomes do jogo. Foto: Elton Damásio/Jornal Diarinho

Como é inconstante esse time do Marcílio Dias. Neste domingo a equipe voltou a fazer uma grande atuação e beneficiada pela irregularidade de todas as equipes e pelo equilíbrio da competição voltou para briga por uma das quatro vagas no quadrangular. Mas disso eu falo daqui a pouco.

O título é uma referência ao modo que o time do Marcílio Dias entrou em campo nesse domingo. Provavelmente colocando mais confiança em sua defesa, Guilherme Macuglia armou a equipe com dois volantes. Teoricamente mais dois meias com Anderson Lopes e Schwenck no ataque. Mas na prática lembrava mais o 4-2-3-1, tanto que não foram só um ou dois lançamentos de Anderson Lopes para seus companheiros.

Todo o quarteto da frente pressionava a saída de bola do adversário. Quando o ataque estava mais a frente, eles ajudavam a marcação. O trio Clebinho, Léo Franco e Anderson Lopes, com o apoio dos alas fazia com que a equipe diminuísse os espaços no meio. Quando a bola era roubada, o contra-ataque era rápido. Foram assim as principais jogadas da equipe.

Obviamente não dá para afirmar se é o esquema ideal por causa de um jogo só. Pelo esforço da equipe e pelo futebol apresentado, a goleada precisa ser valorizada. Foi o Marcílio que venceu e mereceu o placar. Mas alguns pontos não podem ser esquecidos. O Juventus só foi bem dentro de casa até aqui, estava sem seus dois atacantes (Jabá e Paulinho Souza) e não há esquema de jogo que funcione quando se toma dois gols em oito minutos.

O que eu quero dizer com isso é que não dá para afirmar que esse é o esquema ideal para o clube. Mas é bom o Marcílio Dias definir logo qual a equipe ideal, tem mudado jogo a jogo. Independente do esquema que jogue na quarta-feira contra o Tigre, no Sul, a postura tem que ser a mesma.

Sobre a briga nas rodadas finais, o Marinheiro segue no grupo dos favoritos ao hexagonal. A tabela é ingrata, a equipe pega na sequência Criciúma (fora), Figueirense (em casa) e Joinville (fora). Só que o campeonato já mostrou até aqui que tudo pode acontecer.

O acordo entre a Propague, FCF e os clubes

A agência Propague Serviços de Comunicação Ltda. foi contratada pela Associação dos Clubes de Futebol Profissional de Santa Catarina (SCClubes) para negociar o contrato de televisionamento do Campeonato Catarinense e os contratos de publicidade. Desde então a empresa vinha fazendo isso. Mas esse ano, os clubes deixaram a empresa de fora do contrato de R$ 4 milhões assinado com o Grupo RBS. Alegando (e depois provando) que o acordo foi prorrogado até 2014 e se sentindo prejudicada, a empresa acionou a Federação Catarinense de Futebol (FCF), a Associação dos Clubes e todos os clubes do Catarinão 2013 na justiça.

O processo se iniciou no dia 28 de janeiro e já de cara a empresa conseguiu uma liminar positiva que obrigava o Grupo RBS a depositar em juízo o valor referente aos 12% do contrato (R$ 200 mil). As duas partes chegaram recentemente a um acordo, que foi publicado no dia 8 deste mês, segunda-feira.

No acordo a empresa vai receber agora os R$ 200 mil que estavam depositados em juízo. Ano que vem, nesse mesmo período do ano, ela recebe mais uma parcela de R$ 200 mil (mais reajuste). Deste ano até 2015 a Propague vai ter o direito de colocar uma placa de publicidade nos estádios do Campeonato Catarinense. A placa vai ser a segunda ou terceira a direita da linha de meio-campo do lado onde as câmeras pegam. A placa já vale para o Catarinão 2013. Essa vai ser a terceira placa em que os clubes não vão ganhar nenhum centavo, hoje já têm as placas da Chevrolet e da RBS.

Cambu não pode desanimar

Talvez nem o mais pessimista dos torcedores do Camboriú esperava um resultado tão ruim na estreia. Goleada por 6 a 0 para o Tigre. Prejuízo no saldo de gols e que abala qualquer torcedor, mas não pode abalar o time e nem fazer a torcida desanimar.

Antes de falar do jogo de ontem é preciso lembrar algumas coisas: o Tigre é o único clube catarinense da Série A, é um dos favoritos ao título, tá num Catarinense diferente do Cambu e só o Zé Carlos ganha mais do que toda a folha da equipe.

Lógico que isso não justifica o placar elástico. Importante lembrar que no primeiro tempo a equipe foi bem e jogou de igual para igual com o Tigre, sendo até superior no começo do jogo. Mas aí veio a diferença, quando teve a chance, a equipe não marcou. Só o Diego Jardel teve duas vezes sozinho e perdeu, a primeira mais mérito do goleiro Bruno, mas a segunda não. Completamente sozinho, tinha tempo e espaço para chutar, tentou o drible e perdeu.

Quando o Criciúma teve a chance marcou. Na bola parada, Fábio Ferreira viu Renan fazer milagre, mas no rebote foi chutar pro meio e ver Everton marcar. O segundo gol é o que merece mais atenção. Nasceu de um escanteio PARA O CAMBORIÚ. Algo que Suca vai precisar mostrar pros jogadores pra corrigir. Veio o cruzamento, a defesa do Tigre afatou, Gava era o homem da sobra, estava marcado, mas conseguiu tocar de primeiro pra Tartá, livre partir pro contra-ataque, lá na frente ficou 4 contra 3 dos donos da casa e veio o passe pra Fabinho marcar.

No segundo tempo o Tigre mostrou a qualidade que tem e tocando de pé em pé, envolvendo Zé Carlos e os homens de meio, achou Fabinho para fazer o terceiro gol já aos 9 minutos. Aí o Camboriú jogou a toalha, ia seco na bola, abandonou qualquer padrão tático e ficou na roda. Os outros gols saíram ao natural, com exceção do pênalti inventado em cima de Zé Carlos, que, aliás, bateu um monte na dupla de zaga do Cambu, Rodrigão e Carlão.

Agora é esquecer a goleada. Foi doída, mas já foi. Não dá pra pensar em nada diferente de uma vitória em casa contra o Juventus. Foi vencendo os confrontos diretos no ano passado que a equipe se manteve na primeira divisão.

No turno estreou fazendo o crime contra o JEC, depois só voltou a vencer na sexta e oitava rodada, quando bateu os rebaixados Marcílio Dias e Metropolitano. No returno, o empate contra a Chapecoense e a vitória contra o Avaí foram sensacionais. Mas mais uma vez foram as vitórias contra Brusque e Marcílio Dias que fizeram a diferença.

O campeonato do Camboriú é outro, é contra Guarani, Atlético de Ibirama, Juventus e Metropolitano. Beliscar pontos contra as outras equipes vai ser muito bom, pode até fazer a diferença, mas o fundamental é vencer os adversários direto.

Numa galáxia não muito distante daqui

Na tarde de ontem o site do jornal Zero Hora, do Rio Grande do Sul, publicou uma entrevista com o presidente da federação de futebol de lá sobre o Campeonato Gaúcho. Nela, Francisco Novelletto, diz que os clubes do interior tem a obrigação de estarem nas finais do primeiro turno. Os motivos? Mais tempo de preparado, um início de estadual desinteressado da dupla Gre-Nal e o dinheiro. Sim, lá, os clubes do interior tem dinheiro.

ZH _ Como será a divisão das verbas da FGF para os clubes?
Novelletto _
55% para a dupla Gre-Nal _ 27,5% para cada um _ o que dá cerca de R$ 5,4 milhões para cada. Fora patrocínio, os clubes do Interior recebem uma cota que fechou em R$ 900 mil. Ainda tem seis clubes que fecharam com a Embratel, são mais R$ 130 mil. Os que têm esse patrocínio, o valor passa de R$ 1 milhão.

É isso mesmo. No Rio Grande do Sul, os clubes do interior recebem R$ 900 mil de cota de televisão. Seis deles ainda conseguiram mais R$ 130 mil de patrocínio com a Embratel, dando uma verba de R$ 1,03 milhão.

Aqui em Santa Catarina, a Associação de Clubes não confirma acerto com a RBS, única emissora que ainda negocia com os clubes. Temos apenas as informações extra-oficiais dos R$ 4 milhões (menos do que vão receber Inter e Grêmio). A divisão também é desigual e os clubes são divididos em quatro grupos: Grandes (R$ 436.800), Chapecoense (R$ 374.400), Pequenos (R$ 249.600) e os que subiram (R$ 124.800).

Os clubes catarinenses poderiam pedir uma aula pros vizinhos gaúchos de como valorizar a competição.