Parece questão de tempo para Delfim Pádua Peixoto Filho, presidente da Federação Catarinense de Futebol (FCF) há 30 anos, assumir, nem que seja interinamente, a presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Com o afastamento de José Maria Marin, Delfim passa a ser o vice-presidente mais velho da CBF, portanto, o primeiro da linha sucessória da entidade presidida por Marco Polo Del Nero.
Claro, isso só acontece com a renúncia ou afastamento do ex-presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF). Mas isso não é nada improvável de acontecer no andamento das investigações do FBI. O documento de 164 páginas da justiça estadunidense detalha, sem citar muitos nomes, a ação de muitos corruptos do alto escalação do futebol mundial, a maioria ligados a Fifa. Principalmente no esquema de propinas de empresas de marketing na compra de direitos de transmissão e lavagem de dinheiro.
Um trecho do documento diz que o Co-Conspirador 6 avisou ao Co-Conspirador 2 que o pagamento de propina negociado com o Co-Conspirador 11 de R$ 2 milhões teria que ser dividido com outros oficiais da CBF, entre eles, José Maria Marin e o Co-Conspirador 12. Foram transferidos US$ 500 mil dólares da “Sports Marketing Company 2” no dia 5 de dezembro de 2013 e US$ 450 mil da Traffic no dia 23 do mesmo mês. As dicas dadas durante o documento fizeram o site Trivela cravar que o Co-Conspirador 6 é Kléber Leite (ex-presidente do Flamengo e dono da Klefer), o Co-Conspirador 2 é José Hawilla (fundador da Traffic), Co-Conspirador 11 é Ricardo Teixeira e o Co-Conspirador 12 é Marco Polo Del Nero. A “Sports Marketing Company 2” seria a Klefer, de Kléber Leite.
Se as informações estão corretas, não vai demorar para Del Nero ser envolvido. E essa não é a única citação dele no documento. Talvez seja esse o motivo da saída precoce do presidente da CBF do Congresso da Fifa, antes mesmo da eleição da presidência. Ainda sim, não acho que uma possível queda de Del Nero seja rápida.
Delfim tá na dele. Nas entrevistas defende e diz acreditar na inocência de Marin e Del Nero. Também diz estar pronto para assumir a entidade caso seja necessário. Em entrevista ao radialista Zélio Prado, falou que só assumiria a CBF se fosse algo temporário, provisório, onde conduziria uma nova eleição. Um mandato permanente o obrigaria a deixar a Federação Catarinense, onde ele tem mandato até 2019. Também acho que ele não iria. Além de ter que largar tudo aqui, a presidência da CBF não é hoje o cargo mais desejado por ninguém. Os holofotes estão todos lá.