Uma vez eu ouvi ou li uma frase que dizia que há dois futebol. Um jogado em campo e outro fora dele.
Depois de um conselho técnico de praxe estava definido o regulamento da Copa Santa Catarina de 2013. Pela primeira vez, havia a explicação do funcionamento das vagas catarinenses para o Campeonato Brasileiro da Série D, com exemplo tudo, não daria polêmica. Bom, não deveria dar. O Joinville foi campeão e o Metropolitano foi vice, ficando com a vaga.
Veio o Campeonato Catarinense de 2014 e a primeira surpresa: não havia uma linha sobre a outra vaga da D. A FCF passou muito tempo sem tocar no assunto, mas depois de muitas perguntas, começou a dizer que não sabia quantas vagas teriam para SC na D desse ano e que as vagas são decididas pela CBF. Marcílio Dias ou Brusque poderiam ter dado uma força, ido pro quadrangular e matado qualquer chance de polêmica. Mas não conseguiram, foi só o Metrô. A federação então começou a dizer que o regulamento da Copinha do ano passado era sobre a Série D do ano passado, apesar da competição ter acontecido depois. No final de março veio o golpe “final” no Guarani, terceiro colocado. Um ofício da CBF dizia que as vagas eram cronológicas, portanto, o Metrô já tinha uma e não brigaria pela segunda. Assim, ela viria do hexagonal, onde rapidamente o Marcílio Dias, junto com Avaí e Chapecoense, dispararam dos demais adversários.
O clube de Itajaí adiou umas duas rodadas a conquista matemática da vaga, mas ela finalmente veio. Quando se ganha algo que não se devia, se fica calado, finge que não é contigo. Era o que o Marcílio vinha fazendo. Chegou na última rodada com chances meramente matemáticas de ficar com o título do hexagonal. Para eliminar qualquer chance, o Avaí decidiu ir para o Oeste com time júnior, mesmo tendo quase duas semanas para a partida seguinte, a estreia na Série B.
Rapidamente a Chapecoense fez dois, três gols [terminou 4 a 1]. Pronto, o Marinheiro passava a cumprir tabela contra o desesperado Atlético de Ibirama. Mesmo com o jogo não valendo mais nada para a equipe de Itajaí, a torcida conseguiu se revoltar e se descontrolar, desconfiada de uma mutreta para rebaixar o Brusque [o que os marcilistas tem a ver com isso?] e da mal-intencionada arbitragem da partida. Ouvi protestos, discussão, bate-boca e a agressão ao presidente da Federação Catarinense de Futebol, Delfim Pádua Peixoto Filho, seguido de tumulto.
Pronto. O artigo da Copa SC de 2013 sobre as vagas parou de ser sobre a Série D de 2013, virou de 2014, CBF e FCF descobriram a existência desse artigo e, por isso, saiu um novo ofício com novo entendimento sobre a distribuição das vagas catarinenses. Ela sai do Marcílio Dias e volta para o Guarani. Coincidências do nosso futebol.
Agora o Marinheiro torce para que o Metropolitano fique com a vaga na Série C, o que eu não acredito, senão, acabou a temporada.